sábado, 24 de janeiro de 2009

amigo inesquecível



oi Zé,

meu amigo

sou doido varrido

qui nem tu

cabra da peste

fui fecundado no Nordeste

criado no Maranhão

hoje suspiro outros ares

além dos céus

além dos mares

porém, antes porém

sempre me martela

o pobre coração

quando penso

no meu torrão

sabe cuma é,

né, meu amigo Zé !?

Sardade atropela

mais só alimenta

a vida marvada

esse doido amor

esse megera da paixão

apunhalando

exageradamente

as custelas

trespassando a alma

e cortando o peito

em picadinhos pequeninos

como se faz

com coração de porco maluco

perparando prum sarapaté

ou inté mermo

perparando aquela buxada

cum salada de pipino verde

salada de agrião

maxixe e quiabo pontiagudo

da roça do Pedim,

cunhado de Cirilo Banana

Sarapaté assim foi o

que levantô o cumpade Joca

dabeira da cova

coitado do bixinho

já tava cum pé inteirinho

interrado no buraco

lá no cemitéro da rua quinze

entre duas palmeira:

uma todinha torta

e outra assim

toda saliente

inviezada cum bejo de Carolina

quando se atracava cum Gonzaga

só pra tumá caldo de giló nas mata

lembra Zé daquele forrozão

na casa de Jão ?

foi lá que briguemo por causa de Maria Rita das Foice

nossa homi de Deus

foi ruím pra nossa amizade, meu irmão,

inda bem qui ela se enroscô cum cabra

da cidade grande e se impirulitô cum aquele

fio do diabo loro.

Foi aí qui surgiro os fuxicos

dos males feitos por ela

dos coração dos cabra da peste

a quem ela jurava de pé no chão

cum cara de santa, que amava a cada um

sem distinção. Foi um daqueles fuxico de

pula-cerca e vai longe,

léguas e léguas.

Inda bem que apercebemo

as malícias dessa moleca sem vergonha

e nos incomtremo pruma celveja molhada,

inté me alembro do primero gole,

geladinho da silva, escurregô guela a dentro

e inundô o estômago vazio

foi tanta inundação que não teve

verme que sobreviveu

fiquei inté curado do buxo dágua

ô celveja danada de boa.

E viva a nossa amizade amigão

vou pegar o meu gibão

pra mode nós ir vaquejá

tirar leite da rozinha,

aquela vaca gorda e leituda,

dá inté vontade de mamá eu mermo

cum minha própria boca

toda ajeitada

Sabe Zé, aquela porterinha entre

o dente da frente e o quixal trazero?

mandei fexar. Foi num dotor dos dentes

lá na carpital. Quando tava no consurtóro,

incontrei uma mué cum a boca toda arrebentada

a cara toda custurada

parecia que tinha levado uma porradas

quando uma voz, vinda não sei de onde

me confirmou o nome da cigana amorosa,

quase caí da cadera e estragava minha nova

dentadura. Era ela mermo, meu amigo Zé,

tu nem ía acreditar, ...

aquela flor virou um monstro ...

me deu muita pena,

mas, cuma vovó dizia:

“ quem tem pena do pobre, acaba passando pru lugá dele “

Ô Zé ! Quando tu vem passar um final de semana aquí

Na minha fazendinha dos inesquecíveis ?

Inté as jumentinhas tão de sóio arregalado

Introncadas de sordade dos teus carinhos

Lembra ?

Amigão, te cuida e tuma cuidado

Prá num ser atropelado

aí na cidade grande.

Abraços e muita sorte.


Sergio, beija-flor-poeta

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

odisséia de macaco



Seria eu um macaco
de galho em galho,
de vida em vida,
soltando gritos?

Em que selva vivo,
em que céu me espalho?
Sou gente ou sou macaco?
Oh, dúvida minha!


e se duvidares ou não

se o galho quebrar

e caíres ao duro chão


então não há dúvidas, irmão

é melhor ser o bicho macaco

do que ser homem sem razão


Sergio e Prof.Flávio

saliências humanas



macaco quando escreve
já passou o homem pra trás
transforma dor em pluma leve
é muito mais feliz e capaz

de vencer a morte breve
dores, espinhos que a vida traz
quem se ama nunca esquece
nunca é tão pouco, nada é de mais


vive pulando pra ser capaz
na felicidade plena
ser amado
e nos braços de
sua amada ser levado

pelos galhos da triste vida
buscando a paz e a verdade
em sua
total e eterna felicidade...


cortaram nossas asas de beija-flor

botaram fogo na nossa amazônia

não é macacado que causa essa dor


mas o bicho homem que traz a insônia

poluíndo tudo, numa prova de desamor

um dia terá sua própria morte atômica

Claudinha e Sérgio

paulatino floral



me perdí no suingue perfeito do teu paladar

silhueta bela, modulada nas ondas dos versos

rimados pela vibração do amor a nos beijar

eu - beija-flor; tu - rosa de néctares eternos


do teu paulatino floral me livrando do inferno

e me enlaçam no teu mais doce jeito de amar

revelando toda a sensualidade do prazer eterno

contida na profunda essência do nosso velejar


harmonizado num forró suado, pés descalços

levantando poera cosmica, reluzente, estrelada

me prendendo na jaula do teu coração alado


galopando nas avenidas do sertão, oh amada,

flor de mandacarú no meu peito por tí enlaçado:

orquídea bailarina nessa selva de pedra encantada


Sergio, beija-flor-poeta

perdição de beija-flor


a pureza do coração escreve o amor sentido

são palavras feitas para o paladar do ouvido

que a tua natureza de espinho e flor inspira

e mesmo sendo uma ilha, o mar é uma tira


de céu azul, estrelado no horizonte restrito

somente para os que não amam, pois a ira

dos que amam, não passa de um amor infinito

na harmonia dos côncavos e convexos da vida


perdida entre sonhos de gondoleiro do amor

golpeado pela ponta da espada da bela flor

plantada no jardim atômico da vida em dor


rasgando o peito, deixando a vida enebriada

com a sensualidade dos lábios teus, versificada

na nossa arte de amar: perdição purificada.


sergio, beija-flor-poeta