oi Zé,
meu amigo
sou doido varrido
qui nem tu
cabra da peste
fui fecundado no Nordeste
criado no Maranhão
hoje suspiro outros ares
além dos céus
além dos mares
porém, antes porém
sempre me martela
o pobre coração
quando penso
no meu torrão
sabe cuma é,
né, meu amigo Zé !?
Sardade atropela
mais só alimenta
a vida marvada
esse doido amor
esse megera da paixão
apunhalando
exageradamente
as custelas
trespassando a alma
e cortando o peito
em picadinhos pequeninos
como se faz
com coração de porco maluco
perparando prum sarapaté
ou inté mermo
perparando aquela buxada
cum salada de pipino verde
salada de agrião
maxixe e quiabo pontiagudo
da roça do Pedim,
cunhado de Cirilo Banana
Sarapaté assim foi o
que levantô o cumpade Joca
dabeira da cova
coitado do bixinho
já tava cum pé inteirinho
interrado no buraco
lá no cemitéro da rua quinze
entre duas palmeira:
uma todinha torta
e outra assim
toda saliente
inviezada cum bejo de Carolina
quando se atracava cum Gonzaga
só pra tumá caldo de giló nas mata
lembra Zé daquele forrozão
na casa de Jão ?
foi lá que briguemo por causa de Maria Rita das Foice
nossa homi de Deus
foi ruím pra nossa amizade, meu irmão,
inda bem qui ela se enroscô cum cabra
da cidade grande e se impirulitô cum aquele
fio do diabo loro.
Foi aí qui surgiro os fuxicos
dos males feitos por ela
dos coração dos cabra da peste
a quem ela jurava de pé no chão
cum cara de santa, que amava a cada um
sem distinção. Foi um daqueles fuxico de
pula-cerca e vai longe,
léguas e léguas.
Inda bem que apercebemo
as malícias dessa moleca sem vergonha
e nos incomtremo pruma celveja molhada,
inté me alembro do primero gole,
geladinho da silva, escurregô guela a dentro
e inundô o estômago vazio
foi tanta inundação que não teve
verme que sobreviveu
fiquei inté curado do buxo dágua
ô celveja danada de boa.
E viva a nossa amizade amigão
vou pegar o meu gibão
pra mode nós ir vaquejá
tirar leite da rozinha,
aquela vaca gorda e leituda,
dá inté vontade de mamá eu mermo
cum minha própria boca
toda ajeitada
Sabe Zé, aquela porterinha entre
o dente da frente e o quixal trazero?
mandei fexar. Foi num dotor dos dentes
lá na carpital. Quando tava no consurtóro,
incontrei uma mué cum a boca toda arrebentada
a cara toda custurada
parecia que tinha levado uma porradas
quando uma voz, vinda não sei de onde
me confirmou o nome da cigana amorosa,
quase caí da cadera e estragava minha nova
dentadura. Era ela mermo, meu amigo Zé,
tu nem ía acreditar, ...
aquela flor virou um monstro ...
me deu muita pena,
mas, cuma vovó dizia:
“ quem tem pena do pobre, acaba passando pru lugá dele “
Ô Zé ! Quando tu vem passar um final de semana aquí
Na minha fazendinha dos inesquecíveis ?
Inté as jumentinhas tão de sóio arregalado
Introncadas de sordade dos teus carinhos
Lembra ?
Amigão, te cuida e tuma cuidado
Prá num ser atropelado
aí na cidade grande.
Abraços e muita sorte.
Sergio, beija-flor-poeta
diferente e engraçada realmente, você está se expandindo, e sua mente está bem aberta. Seu blog está muito interessante também, fico orgulhosa de você
ResponderExcluirBeijo em você, minha alegria
Deby