domingo, 10 de maio de 2009

você chegou



ainda acordada

e revirando sonhos

entreabrindo frestas

entre nuvens

de orvalhos na face

noturna, madrugada

a dentro, invadindo

minha porta estreita

e me convidando

pra amar tuas pétalas

e navegar tuas ondas

tão cheias de sol,

tão cheias de sal,

tão cheias de magias,

tão cheias de tí,

E até me pego

quase meio surpreendido

pelo teu arrupio

quando teus cabelos

me ponho a contar,

um a um,

enlouquecendo contigo

ao sentires a raiz

fisgada dos pêlos

do teu ser mulher

a me fazer delirar,

a me fazer homem.

Então nossos corpos

gemidos, sussurrados,

suados, amados,

cavalgados, galopados

e estraçalhados pelo

amor vampiro

sob luares fagulhados

em pratas.

E quando a brisa beija

o perfume do teu néctar

transamazônico

invadiu minha janela escancarada

e me fez respingar grãos de areia

nessa praia serena, terna,

arrupiada pelo vento faceiro

que acabara de disvirginar

o seio da nossa mata atlântica,

ó doce, tão doce amazonas,

índia-mulher toda bela,

simplesmente bela,

muito mais que bela:

belíssima.


sergio, beija-flor-poeta

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